É comendo bicho de pé na colher, com morango na medida certa (apesar da gelatina de marca duvidosa, ficou uma delícia) que eu faço essa "postagem marco". Dia vinte e oito de agosto de dois mil e treze, saíamos eu, Ricardo e Mateus do consultório da Dra Thais Feitosa, psiquiatra infantil, depois de meses procurando perguntas e respostas sobre o nosso filho, com o diagnóstico de autismo. Do fundo do meu coração. Eu já sabia. Mas entre o achismo e o "É" há um abismo enorme, e nesse abismo, o peso e o medo de uma vida todinha. Não pretendo me prolongar falando do que passou, do que já vivemos, nem relembrar dores. Não. Hoje venho aqui - como disse, comendo bicho de pé - leite condensado com uma pitada de gelatina de morango, o doce cor-de-rosa da vida - prá dizer que estamos caminhando, aprendendo. Que de um ano prá cá onde existia a auto agressão, hoje existe o riso. Onde existiam os urros, hoje existem palavras. Muitas palavras... Que juntas, viram pérolas.
A luta é diária. Não vou também colocar uma base da Sephora no rosto e sorrir largo com clareador dental Oral B dizendo "ahhhhhh que maravilha tudo, gente". Isso é uma ilusão. O autismo é latente. Com o banho, com a comida, com a tarefa de casa, com o desfralde do número dois, com alguns momentos de ira... Sim, ele se manifesta nas mínimas coisas. Para nós, os "normais" (coff coffff, desculpe, é a tosse) pode ser uma besteira, pro autista não.
Mas não temos mais medo. Sabemos do que somos capazes. E que o infinito nos espera. AUTISMO, você não é mais um monstro que nos assusta. Não é mais o bicho papão no fundo do armário.
Te amo meu filho. Estamos aqui, eu e seu pai, pro que der e vier, sempre. Que venham mais quantos anos Deus quiser.
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